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Depoimento de Quando 1 ponto te separa da segunda fase.

Bem, primeiramente queria parabenizar os ADMs do Projeto Medicina por proporem essa página que ajuda inúmeras pessoas com atividades, depoimentos, anúncios, doação de material e ajuda em exercícios.
Semana passada foi minha matrícula no tão sonhado e almejado curso de Medicina, um curso que irá exigir muito de mim, mas que no final irá me propor um vasto conhecimento e uma satisfação enorme por ajudar quem precisa, tal satisfação que já sinto quando faço doação de Sangue.

Minha luta começa em 2011, nesse ano ainda estudava o ensino médio , trabalha em um banco e fazia cursinho de noite. Ano conturbado , saía de casa 6:40 e chegava 23:00, às vezes mais tarde. A minha escola era do centro, tinha bons professores, mas quando me deparei com professores do cursinho, percebi que eles aparentavam dominar mais os assuntos. Comecei ver assuntos que nunca tinha visto, como Zoologia, Botânica,Mutações, Reações Químicas, Propriedades Coligativas, Equilíbrio Químico (mais aprofundado), Geometria(Cubo), sem falar que nunca tive Literatura e outros.

No cursinho havia pessoas brilhantes, resolviam exercícios em segundos, respondiam para professores. Cheguei a pensar que era um estranho no meio de tanta gente inteligente, mas mesmo assim continuei. Eram pessoas que possuíam um vasto conhecimento, sempre eu me questionava se conseguiria alcançá-los. Quando chegava em casa tinha que escolher entre revisar tudo do cursinho ou estudar para escola, era um dilema diário, inúmeras vezes acordava no meio da noite com livros em cima de mim. Faltando cinco meses para a prova, pedi demissão e foquei no vestibular.

Porém, mesmo com tanto esforço, faltou 1 ponto para eu ir para a segunda fase. Chorei, lamentei, passei por todo aquele processo de “depressão” de vestibulando frustrado. Passei para Licenciatura em Química na Estadual.

Chegou 2012, era momento de se concentrar e planejar como estudaria, já que não tinha mais escola e nem trabalho para “atrapalhar”. Entretanto, agora havia o Curso de Licenciatura, mas tentei conciliar os dois. O valor do cursinho tinha aumentado e agora era meus pais que pagavam, já que eu não trabalhava, cheguei a ficar uma semana sem fazer cursinho, pois já havia vencido a mensalidade e eu ainda estava sem dinheiro. O valor era pouco para alguns, mas para outros era muito.

Fazendo cursinho e estudando na Universidade percebi que ,eu, não conseguiria conciliar por muito tempo, pois ambos exigiam muito. Abandonei a universidade e me concentrei nos estudos. Logo, percebi que muitos assuntos de Química, que antes eu não sabia de nada, agora estavam se tornando mais fáceis de compreender, isso graças as inúmeras horas estudando a mesma coisa até aprender.

Voltei na minha escola antiga e consegui livros novos, agora sim eu estava preparado, já tinha os livros e tempo para estudar. Estudei arduamente, cansei de dormir em cima do livros, passava mais de 5 horas sentado, deixei de ir para diversas festa e de sair com meus amigos e familiares, sabia que esse ano exigiria grandes sacrifícios.

Havia momentos que eu chegava em casa e sentia que passaria, ficava pensando em como seria ouvir meu nome na rádio, imaginava a alegria dos meus pais, familiares e amigos, eram os melhores momentos. Mas também tinha momentos em que eu pensava ” e se eu não passar, o que farei?”, era uma pergunta que ecoava em minha cabeça. Sempre repetia comigo “eu passarei, eu creio nisso”.

Chegou a 1º fase da prova, das 15 vagas ofertadas pelo Processo Seletivo, fiquei na posição 17º. Agora, só estudava as matérias específicas, mas a concorrência ainda me amedrontava, eram pessoas que estavam tentando a muito tempo, algumas já formadas. Mesmo assim continuei no meu pique, estudando bastante, resolvendo muitas questões, lendo novamente resumos e “comendo” livros.rs

Na 2º fase, todos os concorrentes juntos na mesma sala, subia um frio pelas costas, quando vi a prova fiquei feliz, pois tudo que eu tinha estudado havia caído. Saí da Prova um pouco inseguro, pois a ansiedade e nervosismo me fizeram esquecer de um item de uma questão.

Todo dia era um martírio, num momento pensava que passaria, no outro pensava que não passaria. Ás vezes pensava: “pow, se eu não passar, acho que já era para mim, não tentarei mais”.
Chegou o dia do Resultado Final, liguei na rádio. Vovó e eu na sala, começou a leitura do listão de Medicina, ouvi os nomes de alguns amigos, quando chegou no meu nome apenas ouvi a primeira sílaba e já estava pulando, socando a porta, caindo de joelhos e agradecendo a Deus por te me dado Saúde e

Capacidade de ser Aprovado em Medicina. Corri para a rua e vi minha Mãe, fui correndo ao seu encontro e no meio da rua lhe dei um abraço. Meu presente maior não foi apenas passar em Medicina, mas sim ver no rosto de minha mãe a alegria estampada.

Agora, lembro que as noite mal dormidas, a angústia , o medo, a falta de confiança em mim, não foi mais forte que a minha vontade de vencer. Lembro bem de um dia em que observei dois alunos no cursinho (em 2011), brincando de resolver questões de Geometria, aquilo me colocou medo, pois enquanto eles brincavam de resolver eu nem sabia por onde começar, até que aprendi . Hoje um desses alunos é meu futuro colega de turma, e outro infelizmente ainda não passou.

Todos nós sabemos que passar em Medicina é difícil, e é mesmo, mas jamais será impossível para aqueles que persistem e que acreditam que podem conseguir aquilo que tanto desejam.

Força, Foco e Fé é o que eu desejo a todos aqueles que ainda batalham por um vaga em MEDICINA…
Gilberto Tavares
Calouro de MEDICINA

Empreendedor em educação há mais de 15 anos. Fundador dos sites Rumo ao ITA, Projeto Medicina e Projeto Redação. Já ajudou milhares de estudantes ingressarem no curso de Medicina em universidades públicas e privadas no Brasil.