Como passei em Medicina na UFBA com 36 anos. – por Adailson Cruz

Escrito por: Júlio Sousa

Publicado em: 12/11/2015

“Sonhem com as estrelas para que vocês possam pisar pelo menos na Lua” Augusto Cury Minha inquietação começou com 7 anos, a primeira vez que sentei em uma cadeira de escola pública, sim aos 7 anos mesmo, foi quando fui alfabetizado e não parei mais. Foi em uma escola da zona rural em Brejo Grande, hoje […]

BI UFBA

“Sonhem com as estrelas para que vocês possam pisar pelo menos na Lua” Augusto Cury

Minha inquietação começou com 7 anos, a primeira vez que sentei em uma cadeira de escola pública, sim aos 7 anos mesmo, foi quando fui alfabetizado e não parei mais.

Foi em uma escola da zona rural em Brejo Grande, hoje distrito de Miguel Calmon, no interior da Bahia. A minha vontade de estudar era tamanha que repeti a 4ª série do fundamental I  2 vezes. Por quê? Como citei acima, morava na zona rural e não tinha colégio do fundamental II, e meus pais não tinham condições de arcar com os custos na cidade com hospedagem. Mas com Deus sempre ao meu lado, consegui me hospedar na casa de pessoas conhecidas aos 4 anos e concluir meu ensino fundamental II aos 17 anos.

Já consegui ver que meus esforços sendo válidos, quando passei na seleção da Escola Agrotécnica Federal de Catu – BA, passando mais 3 anos morando em um internato com pessoas desconhecidas, era um Big Brother sem câmeras.

Concluí meu ensino médio aos 20 anos. Prestei vestibular, mas não estava preparado para aprovação, mas não parei de estudar, sempre lendo revistas, jornais e acompanhando noticiário em TV e internet, pois, sabia que algo me aguardava.

Passei a residir em Salvador, comecei a trabalhar, e em paralelo, fazia um curso Técnico em Radiologia. Terminei e não consegui entrar no mercado de trabalho na minha área. Todos os anos fazia ENEM, até que em 2008 começou minha vida acadêmica, ganhei uma bolsa do PROUNI para cursar História EAD, mas Historia nunca foi minha paixão, porém não poderia dispensar esta oportunidade, iniciei e conclui, hoje sou Licenciado em História.

Novamente não estou na área, mas já tinha uma formação de nível superior para concorrer a concursos públicos para nível superior. ”E se fosse preso, já tinha privilegio de cela… kkk”. Mas ainda não estava satisfeito, continuei a fazer o ENEM, e como já havia conseguido uma bagagem de conhecimento com o curso de História.

Em 2011, novamente fui agraciado com a aprovação em três Universidades, porém em cursos distinto, mas já foi um passo para conseguir passar em Medicina. Então, optei por cursar o Bacharelado Interdisciplinar em Saúde(BI) na UFBA. Que cursos era esse? Para que servia? Pois, o cursos era de 2009, e ele serve para os alunos que não sabem que carreira querem seguir, após a formação pode migrar para cursos tradicionais, conhecer a Universidade e também após formado pode fazer um mestrado na área de formação.” Mas é muito extenso falar da formação do BI. Só para resumir, era pior que um cursinho pré-vestibular, pois tínhamos que galgar as melhores notas para conseguirmos a vaga do curso que queríamos após os 3 anos do BI.

Como consegui passar em Medicina se sou casado, tenho filho, vida social, trabalho e estudava em uma Universidade Federal? Então, garra e determinação foram os meus pilares para alcançar esta vitória. Mas foi no último semestre que a minha sobrecarga aumentou, aquele cursos que havia feito há anos atrás o de Radiologia, consegui trabalhar em minha área agora. Ficando assim, um turno no emprego de antes, a tarde e noite na faculdade e plantões de 24h. E foi justamente neste turbilhão de atividades que as minhas notas foram as melhores. E minha família e meu lazer onde ficava? Esses dispenso comentários. Então em 05/02/2015, às 18h, dia do meu aniversario ganhei este presente com a aprovação no curso mais elitista e concorrido do país: o de “MEDICINA”.

Agora que relatei um pouco da minha vida, vocês que estão sonhando em cursar Medicina, nunca desistam de seus sonhos e objetivos. Se não conseguirem entrar este ano, minha dica é irem fazendo outros cursos similares à área que vocês almejam. Lembre-se que eu fiz e cheguei lá, e não foram similares, mas a minha perseverança foi maior.

Não se oprimam com suas condições sociais, econômicas, raciais e demais outras, pois, sou de família pobre, pais alfabetizados, nenhum dos irmãos mais velhos com nível superior, ninguém na família com histórico de médico ou em outras áreas da saúde, que fossem os pilares para o meu sucesso.

Somos nós quem escolhemos em que posição no pódio queremos ficar, e quem persistir, um dia alcançará.  

 

Adailson Ferreira da Cruz

Licenciado em História

Bacharel em Saúde

Graduando em Medicina na UFBA.

 


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