As lápides que os cirurgiões carregam dentro de si.

Escrito por: Júlio Sousa

Publicado em: 08/07/2016

Aos 66 anos, Henry Marsh, neurocirurgião, está reformado, mas continua a trabalhar muito. Passou um tempo em Katmandu, no Nepal, para ajudar a formar jovens neurocirurgiões. Casado por duas vezes, diz que o seu amor pela neurocirurgia foi fatal para o primeiro casamento, que ainda assim durou 25 anos. Escreveu o livro Não Faças Mal, já […]

Aos 66 anos, Henry Marsh, neurocirurgião, está reformado, mas continua a trabalhar muito. Passou um tempo em Katmandu, no Nepal, para ajudar a formar jovens neurocirurgiões.

henry_marsh

Casado por duas vezes, diz que o seu amor pela neurocirurgia foi fatal para o primeiro casamento, que ainda assim durou 25 anos. Escreveu o livro Não Faças Mal, já traduzido em 22 línguas e editado pela Lua de Papel.

A vida de um neurocirurgião faz-se de decisões e a mais importante é a de operar ou não. Pode ser muito gratificante, mas tem um preço. Citando o francês René Leriche, Marsh diz que é necessário aprender a viver com uma lista de desastres, que são como lápides num pequeno cemitério que todos os cirurgiões carregam dentro de si. O paciente em uma situação trágica confia-lhe a vida, esperando dele, do cirurgião, o que se espera dos deuses.

Henry, foi para a Universidade de Oxford estudar Política, Economia e Filosofia, mas revoltou-se contra isso e foi embora. Enquanto trabalhava como auxiliar em um hospital via cirurgiões operar e achou fascinante. Mas seu amor pela neurocirurgia foi descoberto quando foi convocado para assistir a uma cirurgia de aneurisma. Pois não tinha, ainda, visto uma cirurgia ao cérebro no curso de medicina.

O neurocirurgião comenta que um de seus professores lhe ensinou que nunca se deve mentir aos seus pacientes e nem tirar-lhes a esperança. É uma questão de equilíbrio. Devem dar esperança às pessoas sem lhes mentir. Destacando assim que essa tarefa é muito, muito difícil.

Henry destaca: “É muito importante quando uma operação corre mal. Reconhecer a diferença entre má sorte e cometer um erro. É muito tentador dizer que foi má sorte, porque não gostamos de pensar mal de nós. Ser honesto connosco é importante para aprendermos.”

Rubem Alves falava que a ideia de que a medicina luta contra a morte é errada. A medicina é uma luta pela vida boa da qual a morte faz parte.

Você não escolhe sonhos, sonhos é que te escolhem. Possuir o dom de lutar para ser médico, se preocupar com o seu paciente, se esforçar ao máximo e mesmo assim vivenciar algumas mortes no local de trabalho mostra como a vida e a morte andam sempre de mãos dadas. Mas que o médico, mesmo carregando o cemitério dentro dele, sempre será um ser vunerável aos impresvistos que a vida dá.

E termino esse texto com a frase, em que diz: “Médico é um título. O exercício da medicina com amor, um dom divino.”


Leia também

Você, professor, já se pegou procurando incessantemente por questões de qualidade para elaborar

Você já se sentiu desperdiçando tempo em uma sala de aula, revendo conteúdos que já domina, ou

Encontre seu espaço de aprendizado ideal no servidor de estudos Discord do Projeto Medicina. Espec

O valor da faculdade de medicina é uma questão importante para muitos estudantes que estão consi

Estudar medicina é o sonho de muitos estudantes brasileiros. No entanto, a alta mensalidade dos cu

Escolher a instituição de ensino ideal para cursar Medicina é uma decisão que envolve diversos