Cuidar dos bebês e dos pais: como atuam as enfermeiras neonatologistas

Escrito por: Júlio Sousa

Publicado em: 06/06/2017

Trabalho exige conhecimento técnico apurado e habilidades que só podem ser adquiridas na prática diária Na 22ª semana de gestação, a assistente comercial Vânia Mário sentiu a bolsa romper e precisou ser internada às pressas no Hospital e Maternidade Santa Joana, na capital paulista. Conseguiu resistir mais 21 dias, quando o filho José exigiu passagem […]

Trabalho exige conhecimento técnico apurado e habilidades que só podem ser adquiridas na prática diária

Na 22ª semana de gestação, a assistente comercial Vânia Mário sentiu a bolsa romper e precisou ser internada às pressas no Hospital e Maternidade Santa Joana, na capital paulista.

Conseguiu resistir mais 21 dias, quando o filho José exigiu passagem para nascer de parto normal, de forma excessivamente prematura, com apenas 915 gramas.

Vânia e José nos seus primeiros dias de vida (Crédito: Arquivo pessoal)

Não bastasse a tensão vivida no período gestacional no hospital, a partir daí ela e seu marido Ronaldo passariam a enfrentar uma rotina ainda mais sofrida e dolorosa.

Os messes na UTI

Foram necessários quatro meses na UTI neonatal e 12 cirurgias.

Até que a união entre a vontade de viver do menino, a competência da equipe de saúde e aquilo que ela considera um milagre divino permitiu que, finalmente, pudessem deixar a maternidade e retomar a vida normal.

Hoje, ao relembrar todos aqueles momentos, Vânia não tem dúvidas.

Que, além da atuação médica, a equipe de enfermagem neonatologista e obstétrica da instituição teve papel fundamental durante todo o processo gestacional.

O carinho com o qual fui tratada pela enfermagem foi muito importante no meio de toda aquela montanha-russa.

Eu saía para tomar café e o José estava bem, quando voltava tinha piorado. Isso era comum.

O emocional fica muito abalado”, conta.

A experiência na prática

O caso, ocorrido em 2009, marcou também a carreira da enfermeira neonatologista Juliana Dane Brachine.

Afinal, foi uma das grandes intercorrências em que precisou experenciar na prática tudo o que aprendera sobre a neonatologia.

E a necessidade de saber cuidar também dos pais.

O fato de uma criança nascer e o laço da família ser interrompido por uma UTI choca demais a família.

É nosso papel dar essa segurança para os pais de dizer: ‘Olha, seu filho está aqui, mas nós estamos olhando por ele, cuidando dele’.

Ou seja, acolher essa família e desmitificar o ambiente de UTI”, afirma Juliana.

O papel da enfermagem neonatologista

Mas o papel da enfermagem neonatologista, obviamente, vai muito além disso.

Segundo Juliana, não basta tão somente gostar de criança, mas saber liderar a equipe.

Conhecer tudo o que envolve o exame físico, coleta de exames, inserção de cateteres e sondas, análise dos sinais e sintomas e inúmeros outros aspectos.

Em que pese a importância da parte teórica, a experiência adquirida na lida diária é que vai ajudar a encontrar os caminhos mais curtos e certeiros para auxiliar no cuidado da criança.

Juliana (ao centro) e parte da equipe do hospital em que trabalha atualmente, em Rio Preto (Crédito: arquivo pessoal)

A base é o conhecimento teórico que você tem mais o olhar ali todos os dias.

E a todo o momento estar atento à criança para saber o time de que, se eu não correr agora com essa ela,  pode ir a falecer”, explica a enfermeira.

Que atualmente trabalha no Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto.

E leciona para os enfermeiros da faculdade de medicina da cidade, no interior paulista.

Atuação especializada

Especializada em neonatologia e professora há cerca de 20 anos, a enfermeira Maria das Graças de Oliveira Fernandes igualmente destaca a importância de o profissional dessa área.

De conseguir dedicar um olhar diferenciado para toda a família.

Reforça também a necessidade de saber “ler” os sinais corporais do bebê e conhecer a fundo a teoria para tomar as ações necessárias em cada situação.

Segundo ela, existe uma área abrangente de atuação para quem decidir se especializar nessa área.

O enfermeiro neonatológico pode atuar no centro obstétrico recepcionando o bebê e fazendo os cuidados imediatos.

Pode atuar na saúde da família, nas unidades básicas, fazendo a promoção, prevenção dos processos patológicos.

Existe hoje  uma modalidade muito interessante também que é a orientação das mães em relação à amamentação e como cuidar do bebê nos primeiros meses de vida.

Enfim, são muitas possibilidades”, destaca.

Uma nova jornada

Em todos estes casos, a interação com os pais no início de uma nova jornada costuma ocorrer de forma tão intensa.

Que não raramente os laços podem se estender ao longo da vida.

Foi o que aconteceu com a enfermeira Juliana e a mãe Vânia.

Que ainda hoje se mantêm em contato para saber sobre a evolução do José e relembrar o que ficou de bom do tempo que passaram juntas no hospital.

A Juliana sempre foi muito carinhosa comigo. Ela diz que marquei a vida dela, mas ela também marcou a minha e a do José”, diz Vânia.

 

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